Qual o significado que uma obra de arte passa a ter quando sai do
espaço físico do museu?
"As exposições e a poética contemporânea: entre os espaços urbanos e o cubo branco" foi tema do encontro do MidCid |
Uma obra de arte fora do museu, percorrendo as ruas,
interferindo comportamentos e rompendo com o cotidiano... A transposição das
exposições do espaço fechado para o espaço urbano retratam a poética
contemporânea, e é neste contexto que se debruça a professora doutora Marcia
Eliane Rosa, membro do corpo docente do Mestrado em Linguagens, Mídia e Arte da
PUC-Campinas. A pesquisadora compartilhou reflexões de seus estudos durante o
encontro do MidCid, realizado na segunda-feira, dia 17 de setembro.
Profa. dra Mara Rovida Martini, da Pós-Graduação em Com. e Cultura da Uniso, e a profa. dra. Marcia Eliane Rosa |
A proposta e a inquietação da docente partem da ideia de
pensar o espaço a partir da museologia. Consideram-se alguns campos: o espaço
simbólico, o espaço geográfico e arquitetônico, e o espaço virtual. Dos
conceitos-chave para o desenvolvimento da pesquisa, ela destaca a ideia de cubo
branco, espaço e exposição, o urbano e a teoria crítica.
“A percepção de ‘cubo branco’ tornou-se uma questão para quem estuda os
espaços. É o local categoricamente fixo para a apresentação da arte. Representa
a higienização do espaço para o objeto em exposição sair do cotidiano e ter
outro significado”, explica.
Marcia Eliane Rosa é pós-doutora em
Comunicação, doutora em Ciências da
Comunicação, mestre em Comunicação
e Mercado e Graduada em Comunicação
Social- Jornalismo
|
No universo da teoria crítica, três autores se sobressaem
para o suporte teórico. De forma resumida, o primeiro é Henri Lefebvre
(1901-1991) que ajuda a pensar o espaço de forma dialética, entendendo-o como
produto e produtor de informação. Em torno da crítica do cotidiano, o autor
defende o direito de viver (vivenciar e experimentar) a cidade. Para ele, as
festas e rituais que aconteciam no espaço urbano recuperavam as essências
desses lugares. O segundo é Jacques Rancière (1940), que fala dos espaços em
ideia de ser, a imagem como ela é de fato, e o que a imagem remete. O terceiro
é o filósofo Michel Foucault (1926-1984) com o conceito de Heterotopias para
refletir o espaço outro nesse sufocamento das cidades.
A 31ª Bienal de São Paulo (2014); a 32ª Bienal de São Paulo (2016); o projeto
Giganto (2008), de Raquel Brust, com fotografias hiperdimensionadas de
moradores do Minhocão como intervenção urbana; o Projeto Women are Heroes
(2008) – Mulheres são heroínas - de JR em Morro da Providência no Rio de
Janeiro; e o projeto Coming Out; E se o museu saísse à rua (2015), do Museu
Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, são os objetos em observação.
Os encontros de 2018 do grupo têm a proposta de discutir “A Cidade depois do Fim do Mundo” |
“É estabelecer a relação com a cidade e comunidade, revelar
aspectos contemporâneos, propor diálogos na forma de expor e no envolvimento da
produção de arte contribuindo na poética. É entender as construções e pensar no
rompimento com o cotidiano”, pontua a professora sobre seu tema de pesquisa em
andamento.
O próximo encontro do MidCid está marcado para 29 de outubro, às 14 horas, no
anfiteatro da biblioteca da Uniso. Para participar não é preciso fazer
inscrição, basta comparecer.
Texto e fotos: Jennifer Lucchesi
Revisado por: Mara Rovida
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