Um chamado para pensar a cidade que queremos

em quarta-feira, 30 de outubro de 2024


fonte: Agência Sorocaba



Um chamado para pensar a cidade que queremos 


Por Paulo Marquêz 


Sorocaba, com seu ritmo próprio e suas singularidades, nos convida a uma reflexão importante: como queremos viver aqui nos próximos anos? Estamos todos convocados a participar de uma conversa sobre o futuro, não apenas como observadores, mas como coautores dessa história. A revisão do Plano Diretor, que acontece este ano [2024], nos oferece a oportunidade de olhar ao nosso redor e pensar em como podemos transformar Sorocaba em uma cidade que, de fato, seja para todos

Pensar a cidade vai muito além de discutir infraestrutura, transporte ou moradia. É refletir sobre as práticas sociais, os encontros cotidianos e as manifestações culturais que moldam nosso espaço urbano. Sorocaba não é apenas um lugar onde vivemos, é um espaço de convivência e de significados. Cada praça, cada rua e cada bairro carrega histórias, afetos e práticas que não podem ser esquecidas quando imaginamos o futuro. Nesse contexto, somos convidados a pensar Sorocaba de maneira mais ampla e inclusiva. Para isso, pensemos juntos. 

A cidade não é feita só de construções e avenidas. Ela é vida em movimento. Todos os dias, milhares de pessoas transitam, compartilham espaços e vivem suas histórias. E é nesses movimentos que Sorocaba pode se revelar como um lugar de interação e convivência. Ao nos depararmos com as propostas de mudança para a cidade, devemos nos perguntar: como esses espaços podem acolher melhor cada cidadão? Como podemos garantir que a diversidade de vozes e culturas que compõem Sorocaba seja representada em todos os cantos da cidade? 

Pensar em praças e parques, por exemplo, não é apenas imaginar lugares de lazer, mas perceber que esses espaços podem ser pontos de encontro, onde as pessoas trocam experiências, criam laços e constroem significados. Esses lugares precisam ser acessíveis a todos e se transformar em centros de expressão da nossa identidade urbana. Imagine uma praça com uma feira comunitária, uma horta urbana, uma exposição de artistas locais ou uma roda de conversa sobre o que é viver em Sorocaba. São esses diálogos urbanos que fortalecem nosso sentimento de pertencimento. Mas, para que esses encontros aconteçam, é fundamental pensar em como as pessoas se movem pela cidade. Como chegar nesses espaços? 

E aqui entra o tema da mobilidade urbana, que vai muito além de pensar em trajetos e caminhos. Cada deslocamento é uma oportunidade de vivenciar a cidade de uma forma mais profunda, de perceber os detalhes que compõem o cotidiano. Uma ciclovia, por exemplo, pode ser mais do que uma infraestrutura de transporte. Pode ser um caminho simbólico, onde a sustentabilidade e a mobilidade se encontram com a experiência humana de se deslocar pela cidade de maneira mais conectada ao meio ambiente. 

Pensar no transporte público nos lembra que, além de mover as pessoas, também conecta histórias. O transporte é um meio de chegar de um ponto a outro; é um espaço de encontros, onde experiências e vivências coletivas acontecem. Melhorar essas experiências significa torná-las mais humanas, acessíveis e parte de um cotidiano urbano mais inclusivo. Afinal, o direito de ir e vir é um direito fundamental para todos. A cidade só será para todos se soubermos incluir e valorizar a diversidade de seus habitantes. O que significa viver em uma cidade que acolhe? Significa garantir que cada pessoa, independentemente de onde mora ou de sua condição social, se sinta parte deste espaço. As políticas de inclusão não podem ser apenas formalidades. Elas precisam partir da compreensão de que Sorocaba é uma cidade de múltiplas culturas e tradições, e essa riqueza cultural deve ser celebrada e promovida. 

Cultura popular, feiras de bairro, festivais de música e tradições locais são o tecido vivo que conecta diferentes partes da cidade. Quando valorizamos essas manifestações, estamos promovendo a coesão social e criando uma cidade onde todos se sentem convidados a participar. Uma cidade inclusiva é aquela que reconhece suas raízes e histórias, e está aberta a novas narrativas e práticas. Essa é a Sorocaba que queremos construir. 

E falando em futuro, não podemos esquecer da sustentabilidade, que é muito mais do que uma tendência. Ela é um compromisso com as gerações que virão e com o próprio ato de viver em comunidade. Pensar em Sorocaba sob uma perspectiva sustentável é pensar em como nos relacionamos com o espaço urbano e com os recursos naturais que temos. Sorocaba, com seus parques, áreas verdes e espaços de convivência, tem uma oportunidade única de integrar a sustentabilidade ao seu cotidiano. 

Mas a sustentabilidade precisa ser mais do que um projeto de governo. Ela deve ser uma prática compartilhada, onde cada cidadão entende que tem um papel importante na preservação do meio ambiente. Quando cada um de nós faz a sua parte – ao usar o transporte público, cuidar das praças ou adotar práticas de reciclagem – estamos contribuindo para uma cidade que cuida de si mesma e de todos que nela vivem. 

Sorocaba está chamando cada um de nós para participar da sua construção. E a revisão do Plano Diretor é o momento em que podemos refletir sobre a cidade que temos e a cidade que queremos. Mais do que uma questão técnica, é um diálogo aberto com todos os cidadãos, para que possamos construir, juntos, um futuro mais sustentável, inclusivo e dinâmico. 

O desafio que está diante de nós é pensar Sorocaba como um lugar de pertencimento, onde as práticas sociais e culturais moldam os espaços, onde a mobilidade faz parte da vivência e onde a sustentabilidade é um compromisso de todos. Sorocaba não é apenas uma cidade para ser administrada; ela é uma cidade para ser vivida.

E você, como cidadão, é parte essencial dessa história. Agora é o momento de pensar, sugerir, propor e participar. Nos próximos dias, em 4, 6 e 12 de novembro, às 17h30, na Câmara Municipal de Sorocaba, serão realizadas audiências públicas para debater os temas que irão compor o Plano Diretor da cidade. É a chance de contribuir, de ouvir e de ser ouvido, moldando juntos o que queremos para nossa Sorocaba: uma cidade para as pessoas. Uma Sorocaba para todos nós.

 Paulo Marquêz é servidor público de carreira. Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade de Sorocaba (Uniso) é pesquisador do Grupo Internacional de Mídia, Cidade e Práticas Socioculturais – MidCid, onde estuda como a comunicação pública promove diálogo, transparência e participação, para que as pessoas compreendam e interajam de maneira mais ativa com a cidade.

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