Porta-voz da Capes ministra Aula Magna no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Uniso

em quinta-feira, 11 de abril de 2019


O professor Edson Fernando Dalmonte, coordenador da Área de Comunicação e Informação da Capes, abordou o tema “Pesquisa em Comunicação: Consolidação e desafios atuais”


Para o pesquisador, a Pós-Graduação "está ajudando a desenhar a identidade do País e apontar os rumos. Embora estejamos em um momento de crise moral, política, entre outras, o lugar da educação é o lugar do progresso, do desenvolvimento [...]"

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso) recebeu a visita do professor doutor Edson Fernando Dalmonte na última terça-feira, dia 9 de abril. Dalmonte, que é docente Associado I da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, coordenador da área de Comunicação e Informação da Capes e membro do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior, ministrou uma aula Magna sobre a “Pesquisa em Comunicação: Consolidação e desafios atuais”.

O encontro iniciou com falas sobre a importância da área de humanas para a sociedade e uma apresentação do novo sistema de avaliação da Capes para os programas de Pós-Graduação espalhados pelo Brasil. Segundo Dalmonte, o processo comunicacional é essencial para dar visibilidade às ações políticas e de conscientização, além de ajudar na discussão de políticas públicas. No entanto, o grande desafio que aparece no novo modelo de avaliação é fazer com que a universidade dialogue com a sociedade, transformando-se em um ambiente acolhedor e com o processo humanizado, saindo da noção de “universidade falando com ela mesma”. Por conta disso, o atual sistema prevê uma participação significativa do discente, que passa a ter centralidade no processo.

Nova ficha de avaliação

Em uma comparação com a ficha anterior, que esteve em vigência até a avaliação passada, pode-se observar que os quesitos de análise eram: Proposta de Programa (sem peso); Corpo Docente (peso 20); Corpo Discente, Teses e Dissertações (peso 30); Produção Intelectual (peso 40) e Inserção Social (peso 10).

Na nova ficha, os cinco elementos são reorganizados em três focos principais: Programa; Formação (que envolve tanto a formação discente quanto o acompanhamento de egresso); e Impacto na Sociedade.

De acordo com o portal da Capes (CCS/CAPES, 2019, s/p), “No quesito Programa, pretende-se avaliar o funcionamento, estrutura e planejamento do programa de pós-graduação em relação ao seu perfil e seus objetivos. Quanto ao quesito Formação, a análise abrangerá aspectos como qualidade das teses, dissertações, produção intelectual de alunos e professores e das atividades de pesquisa, bem como a avaliação do egresso. Já em relação ao Impacto na Sociedade, a avaliação vai verificar o caráter inovador da produção intelectual, os efeitos econômicos e sociais do programa, internacionalização e visibilidade”.

Conforme aponta Dalmonte, o cenário da Pós-Graduação
no Brasil ainda tem muito a avançar e a se consolidar
O professor Dalmonte, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, complementa essa explicação disponível no portal da Capes mostrando o porquê do acompanhamento do egresso ser importante: “Hoje, a Capes tem condição, a partir do cruzamento de dados na Receita Federal, no Ministério do Trabalho etc., falar sobre algum egresso do sistema. Consegue mostrar onde a pessoa está trabalhando, a faixa salarial, o que ela está fazendo... Daqui um tempo, a gente vai conseguir dizer com precisão qual o impacto de um Programa em uma determinada região do País [a partir da atuação do egresso]. Porque estamos falando de muito dinheiro público investido”. 

Sobre o eixo de Impacto na Sociedade, Dalmonte enfatiza a necessidade da ciência ser produzida para ser lida e consumida. Assim, esse quesito foca na maneira como determinado Programa de Pós-Graduação se oferece enquanto elemento narrativo para o mundo. “Por que temos uma falta de entendimento do lugar da ciência?”, questiona o professor. “Porque as pessoas lidam como se fosse algo sem centralidade, quando, na verdade, ela é um lugar de inclusão. O fazer da ciência, o fazer educacional, tem o sentido de transformar a própria sociedade, seja com trabalho teórico, seja em pensar em elementos de transformação social”, complementa.

Segundo Dalmonte, a Capes também deseja, cada vez mais, ter um entendimento sobre seu corpo docente total, visto que a Pós-Graduação, em suas palavras, é um patrimônio nacional. “Ela que está ajudando a desenhar a identidade do País e apontar os rumos. Embora estejamos em um momento de crise moral, política, entre outras, o lugar da educação é o lugar do progresso, do desenvolvimento. Não apenas desenvolvimento financeiro e de recursos, mas de recursos humanos; de mentes que possam projetar uma sociedade melhor, mais igualitária, com mais segurança. Segurança não no sentido policial, mas de distribuição de renda e acesso a moradias, por exemplo”.

Cenário da Pós-Graduação no Brasil

Há 49 áreas de saber dentro da Capes. Três grupos formam a totalidade dessas áreas. São eles: Ciências da Vida; Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar; e Colégio de Humanidades. Somam-se 4.575 Programas de Pós-Graduação avaliados e reconhecidos, enquanto há um total de 6.907 Cursos de Pós-Graduação.

Na área de Comunicação e Informação tem-se, no total, 90 Programas de Pós-Graduação e 135 Cursos de Pós Graduação, como pode ser conferido na imagem abaixo. Apesar de desenho industrial estar na tabela, ele não ocupa essa parte.

Fonte: Reprodução por print screen na tela do computador. Plataforma Sucupira. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoAreaConhecimento.jsf?areaAvaliacao=31. Acesso em: 10 abr. 2019.



Quando se fala em Programas de Pós-Graduação pelo Brasil, em distribuição por região, percebe-se uma concentração no Sul e Sudeste. O Nordeste também já se posiciona bem, devido à uma política de fomento dos últimos anos.

Fonte: Reprodução por print screen na tela do computador. Plataforma Sucupira. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoRegiao.jsf;jsessionid=EGCF31qL8R53q1LlmMNKw-Gp.sucupira-204. Acesso em: 11 abr. 2019.

Outro dado é que o Brasil inteiro possui Programas com nota 3. No entanto, percebe-se a partir da nota 5 uma defasagem de instituições que cubram todo o território nacional. Isso se evidencia ainda mais com as notas 6 e 7.

Desafios Atuais

Para o coordenador da Área de Comunicação e Informação da Capes, o número total de cursos de Pós-Graduação, que chega a quase sete mil, revela dois cenários: de um lado, mostra que o País está sendo coberto pelo sistema, embora ainda não esteja em todos os estados e seja mais frágil em algumas regiões; por outro, acende um alerta por conta de recursos e bolsas necessários para movimentar todos os Programas pelo Brasil. Por conta disso, Dalmonte assinala a importância das avaliações: em ranquear as instituições para definição de investimentos e de qualidade.

“Pensar a expansão da Pós-Graduação é sensacional, mas, ao mesmo tempo, precisamos pensar como ela pode ser feita de maneira sustentável. É necessário fazer uma análise crítica e entender o que significa para o País ter o sistema de Pós-Graduação robusto e quais são as consequências”, enfatiza. “É refletir como a gente entende a modernidade no País e de como ele se insere no processo de qualificação”.

Por conta de recursos mais estreitos, é necessário pensar
na expansão da Pós-Graduação pelo Brasil de maneira sustentável
Ao olhar para a Comunicação e Informação, o pesquisador destaca a necessidade da área ser mais solidária, além de pensar em modos de interação e de troca entre os Programas, e de entradas de novos no sistema.

De acordo com Dalmonte, é um cenário que ainda tem muito a avançar e a se consolidar. “E neste cenário da Comunicação, a gente precisa se entender como campo, ter um senso crítico e a certeza de que professores estão em formação continuada e que estamos formando novas gerações para ocupar esses lugares”. Para ele, é preciso refletir que é “um sistema que vai colocar as pessoas enquanto seres capacitados para atuar nesse mundo para levantar problemas e apontar soluções. É isso que esperamos na Pós-Graduação”, finaliza.

Outras informações:  

Para mais informações, você pode acessar, neste link, o relatório da Capes com a proposta de revisão da ficha utilizada para avaliação:

E para conferir outros dados da Capes pelo País no GEOCAPES, como, por exemplo, a concessão de bolsas de pós-graduação, distribuição de bolsistas, discentes e docentes, acesse: 

Texto e fotos: Jennifer Lucchesi
Revisado por: Mara Rovida

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