O professor Edson Fernando Dalmonte, coordenador da Área de
Comunicação e Informação da Capes, abordou o tema “Pesquisa em Comunicação:
Consolidação e desafios atuais”
O Programa de
Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso)
recebeu a visita do professor doutor Edson Fernando Dalmonte
na última terça-feira, dia 9 de abril. Dalmonte, que é docente Associado I da
Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e
Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, coordenador da área de
Comunicação e Informação da Capes e membro do Conselho Técnico-Científico da
Educação Superior, ministrou uma aula Magna sobre a “Pesquisa em Comunicação:
Consolidação e desafios atuais”.
O encontro iniciou com
falas sobre a importância da área de humanas para a sociedade e uma
apresentação do novo sistema de avaliação da Capes para os programas de Pós-Graduação
espalhados pelo Brasil. Segundo Dalmonte, o processo comunicacional é essencial
para dar visibilidade às ações políticas e de conscientização, além de ajudar
na discussão de políticas públicas. No entanto, o grande desafio que aparece no
novo modelo de avaliação é fazer com que a universidade dialogue com a
sociedade, transformando-se em um ambiente acolhedor e com o processo
humanizado, saindo da noção de “universidade falando com ela mesma”. Por conta
disso, o atual sistema prevê uma participação significativa do discente, que
passa a ter centralidade no processo.
Nova
ficha de avaliação
Em uma comparação com a
ficha anterior, que esteve em vigência até a avaliação passada, pode-se
observar que os quesitos de análise eram: Proposta de Programa (sem peso);
Corpo Docente (peso 20); Corpo Discente, Teses e Dissertações (peso 30);
Produção Intelectual (peso 40) e Inserção Social (peso 10).
Na nova ficha, os cinco
elementos são reorganizados em três focos principais: Programa; Formação (que
envolve tanto a formação discente quanto o acompanhamento de egresso); e Impacto
na Sociedade.
De acordo com o portal da Capes (CCS/CAPES, 2019, s/p), “No
quesito Programa, pretende-se avaliar o funcionamento, estrutura e planejamento
do programa de pós-graduação em relação ao seu perfil e seus objetivos. Quanto
ao quesito Formação, a análise abrangerá aspectos como qualidade das teses,
dissertações, produção intelectual de alunos e professores e das atividades de
pesquisa, bem como a avaliação do egresso. Já em relação ao Impacto na
Sociedade, a avaliação vai verificar o caráter inovador da produção
intelectual, os efeitos econômicos e sociais do programa, internacionalização e
visibilidade”.
Conforme aponta Dalmonte, o cenário da Pós-Graduação no Brasil ainda tem muito a avançar e a se consolidar |
O professor Dalmonte, doutor
em Comunicação e Cultura Contemporâneas, complementa essa explicação disponível
no portal da Capes mostrando o porquê do acompanhamento do egresso ser
importante: “Hoje, a Capes tem condição, a partir do cruzamento de dados na
Receita Federal, no Ministério do Trabalho etc., falar sobre algum egresso do
sistema. Consegue mostrar onde a pessoa está trabalhando, a faixa salarial, o
que ela está fazendo... Daqui um tempo, a gente vai conseguir dizer com
precisão qual o impacto de um Programa em uma determinada região do País [a
partir da atuação do egresso]. Porque estamos falando de muito dinheiro público
investido”.
Sobre o eixo de Impacto
na Sociedade, Dalmonte enfatiza a necessidade da ciência ser produzida para ser
lida e consumida. Assim, esse quesito foca na maneira como determinado Programa
de Pós-Graduação se oferece enquanto elemento narrativo para o mundo. “Por que
temos uma falta de entendimento do lugar da ciência?”, questiona o professor.
“Porque as pessoas lidam como se fosse algo sem centralidade, quando, na verdade,
ela é um lugar de inclusão. O fazer da ciência, o fazer educacional, tem o
sentido de transformar a própria sociedade, seja com trabalho teórico, seja em pensar
em elementos de transformação social”, complementa.
Segundo
Dalmonte, a Capes também deseja, cada vez mais, ter um entendimento sobre seu
corpo docente total, visto que a Pós-Graduação, em suas palavras, é um
patrimônio nacional. “Ela que está ajudando a desenhar a identidade do País e
apontar os rumos. Embora estejamos em um momento de crise moral, política,
entre outras, o lugar da educação é o lugar do progresso, do desenvolvimento.
Não apenas desenvolvimento financeiro e de recursos, mas de recursos humanos; de
mentes que possam projetar uma sociedade melhor, mais igualitária, com mais
segurança. Segurança não no sentido policial, mas de distribuição de renda e
acesso a moradias, por exemplo”.
Cenário da
Pós-Graduação no Brasil
Há
49 áreas de saber dentro da Capes. Três grupos formam a totalidade dessas
áreas. São eles: Ciências da Vida; Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar;
e Colégio de Humanidades. Somam-se 4.575 Programas de Pós-Graduação avaliados e
reconhecidos, enquanto há um total de 6.907 Cursos de Pós-Graduação.
Na
área de Comunicação e Informação tem-se, no total, 90 Programas de
Pós-Graduação e 135 Cursos de Pós Graduação, como pode ser conferido na imagem
abaixo. Apesar de desenho industrial estar na tabela, ele não ocupa essa parte.
Fonte: Reprodução por print screen na tela do computador. Plataforma Sucupira. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoAreaConhecimento.jsf?areaAvaliacao=31. Acesso em: 10 abr. 2019.
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Fonte: Reprodução por print screen na tela do computador. Plataforma Sucupira. Disponível em: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/programa/quantitativos/quantitativoRegiao.jsf;jsessionid=EGCF31qL8R53q1LlmMNKw-Gp.sucupira-204. Acesso em: 11 abr. 2019. |
Outro
dado é que o Brasil inteiro possui Programas com nota 3. No entanto,
percebe-se a partir da nota 5 uma defasagem de instituições que cubram todo o
território nacional. Isso se evidencia ainda mais com as notas 6 e 7.
Desafios Atuais
Para
o coordenador
da Área de Comunicação e Informação da Capes, o número total de cursos de
Pós-Graduação, que chega a quase sete mil, revela dois cenários: de um lado,
mostra que o País está sendo coberto pelo sistema, embora ainda não esteja em
todos os estados e seja mais frágil em algumas regiões; por outro, acende um
alerta por conta de recursos e bolsas necessários para movimentar todos os
Programas pelo Brasil. Por conta disso, Dalmonte assinala a importância das
avaliações: em ranquear as instituições para definição de investimentos e de
qualidade.
“Pensar
a expansão da Pós-Graduação é sensacional, mas, ao mesmo tempo, precisamos
pensar como ela pode ser feita de maneira sustentável. É necessário fazer uma
análise crítica e entender o que significa para o País ter o sistema de
Pós-Graduação robusto e quais são as consequências”, enfatiza. “É refletir como
a gente entende a modernidade no País e de como ele se insere no processo de
qualificação”.
Por conta de recursos mais estreitos, é necessário pensar na expansão da Pós-Graduação pelo Brasil de maneira sustentável |
Ao
olhar para a Comunicação e Informação, o pesquisador destaca a necessidade da
área ser mais solidária, além de pensar em modos de interação e de troca entre
os Programas, e de entradas de novos no sistema.
De
acordo com Dalmonte, é um cenário que ainda tem muito a avançar e a se
consolidar. “E neste cenário da Comunicação, a gente precisa se entender como
campo, ter um senso crítico e a certeza de que professores estão em formação
continuada e que estamos formando novas gerações para ocupar esses lugares”.
Para ele, é preciso refletir que é “um sistema que vai colocar as pessoas
enquanto seres capacitados para atuar nesse mundo para levantar problemas e
apontar soluções. É isso que esperamos na Pós-Graduação”, finaliza.
Outras informações:
Para mais
informações, você pode acessar, neste link, o relatório da Capes com a proposta
de revisão da ficha utilizada para avaliação:
E para conferir
outros dados da Capes pelo País no GEOCAPES, como, por exemplo, a concessão de
bolsas de pós-graduação, distribuição de bolsistas, discentes e docentes,
acesse:
Texto e fotos: Jennifer Lucchesi
Revisado por: Mara Rovida
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