Covid-19 e o futuro das cidades: como o espaço público e a vida social vão mudar?

em segunda-feira, 1 de junho de 2020


El artículo original forma parte de la serie 'Covid-19 & The Future of Cities' para el blog citiestobe.com, plataforma para la reflexión entorno a la realidad urbana impulsada por anteverti, consultora experta en Smart Cities e innovación urbana.
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Como se sabe, a crise do Covid-19 trará grandes consequências sociais que mudarão radicalmente nossas relações humanas e os espaços em que habitam. Sendo a manifestação concentrada do mundo contemporâneo, as cidades serão atingidas por esse paradigma instável.
Os espaços urbanos terão que reajustar seu design e suas infraestruturas à nova realidade. Também nossas interações sociais mudarão. Não teremos mais tanta interação com os outros quando saírmos. Algumas culturas - as mais quentes - terão que mudar mais dramaticamente. Nós nos perguntamos: o que acontecerá com os dois ou três beijos, tradicionais em alguns países do sul da Europa? Ou com o aperto de mãos, usado nas culturas Anglo saxônicas? Essa situação de “distância física” nos levará a desenvolver uma vida mais virtual, onde as plataformas online se tornarão, ainda mais, a nova esfera pública.
Como será o futuro em nossas cidades? Como essa crise vai transformar nosso espaço público e vida social nas cidades? Nós não sabemos ainda. A única coisa que podemos fazer agora é avaliar o que está acontecendo e aprender com os resultados, a fim de melhorar as cidades no futuro.

1 | Placemaking: unindo pessoas, mas mantendo-as separadas
Uma grande parte da história do planejamento urbano consistiu em gerenciar nossa saída de doenças infecciosas e pandemias. Hoje, o Covid-19 está desafiando a urbanização novamente, reabrindo o debate sobre qual modelo de cidade é preferível: expansão urbana ou densificação urbana. Enquanto cidades densamente povoadas e hiperconectadas são mais eficientes e sustentáveis, elas podem ampliar o risco de transmissão pandêmica.
Assim, as cidades - especialmente as densamente povoadas - precisarão criar e adaptar ambientes e infraestruturas públicas para serem habitáveis, seguras, ágeis e adaptáveis. Portanto, o urbanismo tático - intervenções de curto prazo, baixo custo e escalonáveis - pode desempenhar um grande papel na definição e implementação de projetos-piloto. Da mesma forma, o envolvimento da comunidade é essencial, pois permite a aquisição de conhecimento local e, ao mesmo tempo, garante a conformidade pública com as decisões políticas.

2 |Adaptação de ambientes urbanos às novas necessidades
Devido à pandemia de Covid-19, tanto as instalações urbanas - transporte público, lazer, lojas etc. - como os espaços públicos precisarão se adaptar para que todas as medidas preventivas sejam cumpridas. Em ambientes fechados, os regulamentos serão mais rigorosos: a limpeza e a desinfecção serão feitas com maior frequência, novas medidas, como o uso de desinfetantes para as mãos ou a limpeza das solas dos sapatos, serão implementadas e sua capacidade precisará ser reduzida para atender ao distanciamento físico. Além disso, equipamentos de proteção - máscaras, luvas, monitores, sensores etc. - e métodos de controle de acesso serão instalados para evitar qualquer risco de transmissão e infecção.

3| Habitação como um direito e a multifuncionalidade como uma obrigação
As políticas de permanência em casa estão exacerbando as desigualdades, uma vez que grande parte da população mundial vive em bairros precários ou não tem casa. Para completar, lugares comuns para encontrar abrigos ou banheiros - bibliotecas, academias - estão fechados. Consequentemente, à medida que o coronavírus se espalha, esses grupos são os mais vulneráveis.
Isso leva à conclusão de que, após o Covid-19, o design dos ambientes internos terá que mudar. Se as pessoas passarem mais tempo em ambientes fechados, as casas precisarão acomodar mais usos.
Os apartamentos deverão ser adequadamente ventilados e melhor iluminados, a fim de melhorar as condições de vida e evitar que edifícios totalmente fechados recirculem patógenos através de seus sistemas. Os espaços compartilhados precisarão ser repensados ​​também.

4| Ajustando a vida cotidiana ao "novo normal"
A pandemia afetou quase todos os aspectos da vida das pessoas e, no momento, voltar aos velhos hábitos não parece um cenário possível. Então, como será a "nova normalidade"?
A mobilidade local e internacional será monitorada e controlada, enquanto as cidades já estão tentando reorganizar fluxos, reagendar atividades de trabalho e escolares para evitar concentrações durante a hora do rush. Teremos que nos acostumar com novas rotinas e comportamentos sociais, que podem mudar radicalmente nossa maneira de utilizar o espaço público.
Os efeitos psicológicos das políticas de permanência em casa e do distanciamento físico serão fortes, especialmente nas culturas em que reuniões e atividades ao ar livre estão no centro da vida social.
Tudo o que se considerava normal até alguns meses atrás pode mudar drasticamente, não apenas por causa das novas regras e restrições, mas também por causa do medo das pessoas de interagir fisicamente com outras pessoas.

5| Fisicamente separados, porém mais conectados do que nunca?
O “novo normal” também terá um efeito direto no uso dos espaços urbanos, em um contexto em que haverá uma mudança drástica de como desenvolver a vida social ao ar livre para ficar mais confinado. Um consumo maior de atividades baseadas na Internet (compras on-line, telemedicina, macro eventos, artes e lazer etc.) se tornará mais comum. Apesar dos grandes desafios que essa mudança trará, também representa uma oportunidade para todas essas atividades se reinventarem por meio de inovação e novas tecnologias.
O contraponto dessa alta dependência tecnológica da nova vida virtual aumentará a desigualdade social. Como nem todos contam com conexão apropriada à Internet e dispositivos digitais, essa crise é uma oportunidade para repensar a viabilidade futura da educação telemática e dos modelos de trabalho improvisados ​​durante a quarentena. Na aplicabilidade ao “novo normal”, será essencial estabelecer regulamentos que garantam a inclusão social.

6| Economia de Assistência:
Construindo comunidades mais resilientes
A crise da saúde revelou claramente as vulnerabilidades dos grupos mais desfavorecidos. A necessidade de responder às suas necessidades durante o bloqueio demonstrou ser ainda mais premente do que antes. Muitos municípios desenvolveram planos para apoiar famílias de baixa renda, idosos ou trabalhadores precários, mas, ao mesmo tempo, a mobilização de baixo para cima de associações de vizinhos e organizações autogerenciadas revelou-se um ativo muito importante para as comunidades locais.
No entanto, quando o bloqueio terminar, os problemas socioeconômicos estruturais que o coronavírus revelou permanecerão. Isso demonstra a importância de estabelecer maneiras seguras de ajudar as pessoas idosas e proteger trabalhadores precários ou cuidadores domésticos, além de apoiar os pais na reconciliação de sua vida profissional e pessoal. Conseguir isso representará um grande passo em direção a uma sociedade mais resiliente.

O QUE VEM DEPOIS?
O TEMPO PARA COMUNIDADES E AMBIENTES MAIS IGUAIS E RESILIENTES
A crise da pandemia de Covid-19 foi o gatilho para tornar visível uma série de problemas sociais e econômicos preexistentes nas cidades contemporâneas.
As desigualdades sociais e as diferenças de classe se manifestaram mais obviamente - com trabalhadores "essenciais" tendo que sair para trabalhar; as condições de moradia são muito diferentes para todos durante o confinamento ou a impossibilidade de acessar novas tecnologias para vários grupos sociais. Questões que deixaram ainda mais claro o fato de que vivemos em uma sociedade desigual, suscetível de colapsar diante de qualquer crise.
Se nas últimas décadas a forma como governos e empresas coletam dados de indivíduos para fins de Big Data esteve na agenda de todas as discussões, a crise do Covid-19 ampliará o debate. A necessidade de mais disciplina e novos regulamentos pode inevitavelmente levar a uma situação de controle social. Nesse novo contexto, haverá uma necessidade de encontrar um equilíbrio entre o estabelecimento da segurança,. a saúde e o bem estar de todos, porém respeitando ao mesmo tempo a liberdade individual e coletiva
No entanto, apesar do impacto que o Covid-19 terá nas cidades, deveríamos considerar essa crise como uma oportunidade para repensar nossas cidades e criar comunidades mais resilientes e ambientes habitáveis.

Artículo escrito por Cristina Garrido, Mireia Tudurí, Anna Gonzàlez y Eleonora Giorgi.  El artículo original forma parte de la serie 'Covid-19 & The Future of Cities' para el blog citiestobe.com, plataforma para la reflexión entorno a la realidad urbana, impulsada por anteverti, consultora experta en Smart Cities e innovación urbana. 

Acerca das Autoras:





tradução|  paulo celso da silva
original disponível em :

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