Covid-19 e o futuro das cidades: 9 tendências emergentes na transformação digital

em quinta-feira, 2 de julho de 2020


Covid-19 e o futuro das cidades: 9 tendências emergentes na transformação digital

foto mikaela balonzo - unsplash



A crise do Covid-19 acelerou muitos processos de adoção tecnológica que foram previstos para serem mais graduais.
Dois elementos alimentaram uma dinâmica compartilhada pelos países afetados pela pandemia: por um lado, os sucessos iniciais motivados por soluções intensivas em tecnologia em Taiwan, Cingapura ou Coréia do Sul deram origem a um efeito de imitação em outros países. Por outro lado, as peculiaridades do vírus deixaram claro que a estratégia imunológica mais bem-sucedida - rastreamento e teste - só pode ser altamente eficaz se o rastreamento de casos depender de dispositivos e soluções mediados por tecnologia. A combinação dessas duas dinâmicas serviu como multiplicadora e aceleradora - em um ritmo maior do que qualquer outra medida ou estratégia na última década - de uma tendência anterior e já generalizada: a transformação digital de todos os setores industriais,  esferas sociais e também, obviamente, da administração pública.
Não é de surpreender que necessidade e urgência sejam grandes aliados da inovação. A maioria das instituições públicas encarregadas de gerenciar todos os níveis de resposta à crise do Covid-19 enfrentou a necessidade urgente de avaliar suas atuais capacidades tecnológicas digitais, ao mesmo tempo em que enfrentam processos repentinos de adoção tecnológica e implementação de soluções que precisavam de uma avaliação pública mais profunda. Nesse contexto, eles se encontraram a uma distância maior de países como a Coréia do Sul em termos de análise de dados, integração de informações ou disponibilidade de recursos e capacidades para a implementação de iniciativas tecnológicas. Paralelamente, as autoridades públicas encontraram a necessidade de encontrar formas eficazes de comunicar a evolução da pandemia, a resposta e suas implicações para os cidadãos em um contexto complexo de angústia social e saturação das informações.
RUMO A UM FUTURO DIGITAL INTELIGENTE: 9 TENDÊNCIAS NA GESTÃO URBANA
Que mudanças são esperadas se queremos que nossas cidades sigam em direção a um gerenciamento mais inteligente dos serviços públicos e da vida digital? Estas são algumas das tendências que analisamos.

1| Serviços Públicos: o impulso final para a digitalização
A crise do covid-19 tem sido um acelerador inesperado da digitalização dos serviços públicos. A mudança obrigatória dos procedimentos internos da administração e as formalidades dos cidadãos para o modo online fixa um marco em uma tendência que certamente será acentuada.

2| Modelos de Smart cities precisarão ser repensados
Os vínculos entre cidades e pandemias são complexos, mas inegáveis. Do ponto de vista tecnológico, tanto a resposta à crise quanto suas consequências exigem uma reavaliação dos modelos de Smart cities, a fim de conectá-los às novas prioridades.

3| Necessitamos de uma análise de dados mais sofisticada
O gerenciamento da pandemia destacou a necessidade de mecanismos estatísticos e de análise de dados muito mais robustos e sofisticados, especialmente para os setores e serviços que atingiram sua capacidade limite. A governança de dados será uma prioridade para garantir o valor público dos dados e o controle democrático das informações pessoais.




4| O momento de consolidar os direitos digitais
Existe uma necessidade urgente de desenvolver estruturas adequadas para avaliar o impacto da tecnologia na privacidade e nos direitos digitais. A implementação de diferentes respostas digitais (inteligência artificial, Apps, reconhecimento facial) está vinculada à esferas muito íntimas de privacidade pessoal.

5| Setor Público: o potencial da inovação e do Intrapreneurship  
As organizações da administração pública mostraram uma grande capacidade de inovação em termos de transformação digital. Devido à sua natureza inesperada, a gestão da crise revelou o potencial de inovação e Intrapreneurship* do setor público para implementar soluções imaginativas ágeis.
[*situação em que o funcionário é um empreendedor dentro da emprese onde trabalha]

6| Abordando a brecha digital: uma prioridade
Embora de maneira acelerada e conjuntural, o teletrabalho, a educação on-line ou a telemedicina se tornaram a norma. Isso revelou a existência de uma grande brecha digital no que diz respeito às oportunidades de acesso às tecnologias de comunicação e às habilidades para usá-las - que precisam ser tratadas como uma prioridade para fechar as lacunas de vulnerabilidade.



7| Tecnologia cívica para uma digitalização mais inclusiva
 As tecnologias cívicas - e particularmente as tecnologias de fabricação digital - foram divulgadas ao público em geral, oferecendo alternativas viáveis ​​e mostrando uma grande capacidade de envolver as partes interessadas e uma enorme diversidade. Isso promoverá uma compreensão mais inclusiva de como o ecossistema de tecnologia pode contribuir para cidades inteligentes e para a sociedade digital.

8| Comunicação digital eficaz para uma liderança operacional  
As instituições públicas terão que reavaliar e reforçar suas estratégias de comunicação digital para consolidar sua liderança operacional em períodos de crise como o atual. Um contexto de super saturação de informações e exposição constante dos cidadãos a uma realidade segmentada multicanal, onde algoritmos opacos condicionam o acesso à informação são apenas alguns dos obstáculos que eles precisam superar.

9| Fake News: também uma ameaça à saúde pública
A crise do covid-19 mostra que a desinformação e as chamadas fake news também são uma ameaça à saúde pública. E que o crescente poder das mídias sociais no condicionamento da opinião pública e do discurso político - na forma e no conteúdo - exemplifica a lacuna entre os ritmos políticos e as tendências atuais da comunicação digital - em um paradigma de comunicação social radicalmente diferente do de dez anos atrás.

O QUE VEM DEPOIS?
O TEMPO DE PLANEJAMENTO E ANTICIPAÇÃO

Nas últimas semanas, o sentido de urgência esteve no centro da resposta digital do mundo ao covid-19. Paralelamente, a sociedade digital está acelerando em um ritmo difícil para nossos líderes técnicos e políticos acompanharem. No entanto, se concordarmos que a curva da pandemia foi achatada, chegou a hora de um melhor planejamento e de uma organização mais otimizada de novos recursos.
Assim, nesse novo contexto, os governos locais, regionais e nacionais têm a oportunidade e o dever de reformular sua estratégia para a implantação da tecnologia na vida da cidade a curto e médio prazo. E isso se aplica à forma como as cidades funcionam, aos serviços públicos, à interação e comunicação entre a administração pública e os cidadãos, à nossa rotina diária. E à transformação interna das empresas e ao repensar de seus planos futuros.

É altamente conveniente que esse processo de repensar vá além das consequências sociais e econômicas imediatas da crise e coloque as necessidades humanas e as pessoas no centro da adoção tecnológica. E isso é feito incentivando a capacidade inovadora da sociedade e atribuindo maior importância à sinergia entre ciência e tecnologia para uma tomada de decisão melhor e mais precisa. Por sua vez, isso deve ser realizado sem perder de vista as implicações éticas desse processo.
Em resumo, estamos à beira de um momento em que governos, indústrias e empresas têm o desafio de avançar em direção à resiliência tecnológica. Aproveitar a tecnologia e a inovação não apenas para minimizar os riscos atuais, mas também para antecipar possíveis adversidades futuras e sair mais fortalecidos da crise.

Tradução de paulo celso da silva com autorização expressa de Sergio García i Rodriguez  editor do blog CitiesToBe e Manager de Comunicación de anteverti,
O artigo original pode ser encontrado em:
Artículo escrito por Manu Fernández y Sergio García i Rodríguez.  El artículo original forma parte de la serie 'Covid-19 & The Future of Cities' para el blog citiestobe.com, plataforma para la reflexión en torno a la realidad urbana, impulsada por anteverti, consultora experta en Smart Cities e innovación urbana.







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