Covid-19 e o futuro das cidades: 9
tendências emergentes na transformação digital
foto mikaela balonzo - unsplash
A crise do Covid-19 acelerou muitos processos de adoção
tecnológica que foram previstos para serem mais graduais.
Dois elementos alimentaram uma dinâmica compartilhada pelos
países afetados pela pandemia: por um lado, os sucessos iniciais
motivados por soluções intensivas em tecnologia em Taiwan, Cingapura ou Coréia do Sul deram
origem a um efeito de imitação em outros países. Por outro lado, as
peculiaridades do vírus deixaram claro que a estratégia imunológica mais
bem-sucedida - rastreamento e teste - só pode ser altamente eficaz se o
rastreamento de casos depender de dispositivos e soluções mediados por
tecnologia. A combinação dessas duas dinâmicas serviu como multiplicadora
e aceleradora - em um ritmo maior do que qualquer outra medida ou
estratégia na última década - de uma tendência anterior e já generalizada: a
transformação digital de todos os setores industriais, esferas sociais e
também, obviamente, da administração pública.
Não é de surpreender que necessidade e urgência sejam
grandes aliados da inovação. A maioria das instituições públicas encarregadas
de gerenciar todos os níveis de resposta à crise do Covid-19 enfrentou a necessidade
urgente de avaliar suas atuais capacidades tecnológicas digitais, ao mesmo
tempo em que enfrentam processos repentinos de adoção tecnológica e
implementação de soluções que precisavam de uma avaliação pública mais
profunda. Nesse contexto, eles se encontraram a uma distância maior de
países como a Coréia do Sul em termos de análise de dados, integração de
informações ou disponibilidade de recursos e capacidades para a implementação
de iniciativas tecnológicas. Paralelamente, as autoridades públicas encontraram
a necessidade de encontrar formas eficazes de comunicar a evolução da
pandemia, a resposta e suas implicações para os cidadãos em um contexto
complexo de angústia social e saturação das informações.
RUMO A UM FUTURO DIGITAL INTELIGENTE: 9 TENDÊNCIAS NA GESTÃO
URBANA
Que mudanças são esperadas se queremos que nossas cidades
sigam em direção a um gerenciamento mais inteligente dos serviços públicos e da
vida digital? Estas
são algumas das tendências que analisamos.
1| Serviços Públicos: o impulso final para a
digitalização
A crise do covid-19 tem sido um acelerador inesperado da
digitalização dos serviços públicos. A mudança obrigatória dos
procedimentos internos da administração e as formalidades dos cidadãos para o
modo online fixa um marco em uma tendência que certamente será acentuada.
2| Modelos de Smart cities precisarão ser
repensados
Os vínculos entre cidades e pandemias são complexos,
mas inegáveis. Do ponto de vista tecnológico, tanto a resposta à crise quanto
suas consequências exigem uma reavaliação dos modelos de Smart cities, a
fim de conectá-los às novas prioridades.
3| Necessitamos de uma análise de dados mais sofisticada
O gerenciamento da pandemia destacou a necessidade de mecanismos
estatísticos e de análise de dados muito mais robustos e sofisticados,
especialmente para os setores e serviços que atingiram sua capacidade limite. A
governança de dados será uma prioridade para garantir o valor público
dos dados e o controle democrático das informações pessoais.
4| O momento de consolidar os direitos digitais
Existe uma necessidade urgente de desenvolver estruturas
adequadas para avaliar o impacto da tecnologia na privacidade e nos direitos
digitais. A implementação de diferentes respostas digitais (inteligência
artificial, Apps, reconhecimento facial) está vinculada à esferas muito íntimas
de privacidade pessoal.
5| Setor Público: o potencial da inovação e do Intrapreneurship
As organizações da administração pública mostraram uma grande
capacidade de inovação em termos de transformação digital. Devido à sua
natureza inesperada, a gestão da crise revelou o potencial de inovação e Intrapreneurship*
do setor público para implementar soluções imaginativas ágeis.
[*situação em que o funcionário é um empreendedor dentro da
emprese onde trabalha]
6| Abordando a brecha digital: uma prioridade
Embora de maneira acelerada e conjuntural, o teletrabalho, a
educação on-line ou a telemedicina se tornaram a norma. Isso revelou a
existência de uma grande brecha digital no que diz respeito
às oportunidades de acesso às tecnologias de comunicação e às habilidades para
usá-las - que precisam ser tratadas como uma prioridade para fechar as lacunas
de vulnerabilidade.
7| Tecnologia cívica para uma digitalização mais
inclusiva
As tecnologias
cívicas - e particularmente as tecnologias de fabricação digital - foram
divulgadas ao público em geral, oferecendo alternativas viáveis e mostrando
uma grande capacidade de envolver as partes interessadas e uma enorme
diversidade. Isso promoverá uma compreensão mais inclusiva de como o
ecossistema de tecnologia pode contribuir para cidades
inteligentes e para a sociedade digital.
8| Comunicação digital eficaz para uma liderança
operacional
As instituições públicas terão que reavaliar e reforçar suas estratégias
de comunicação digital para consolidar sua liderança operacional em
períodos de crise como o atual. Um contexto de super saturação de informações e
exposição constante dos cidadãos a uma realidade segmentada multicanal, onde
algoritmos opacos condicionam o acesso à informação são apenas alguns dos
obstáculos que eles precisam superar.
9| Fake News: também uma ameaça à saúde pública
A crise do covid-19 mostra que a desinformação e as chamadas fake
news também são uma ameaça à saúde pública. E que o crescente poder das
mídias sociais no condicionamento da opinião pública e do discurso político
- na forma e no conteúdo - exemplifica a lacuna entre os ritmos políticos e as
tendências atuais da comunicação digital - em um paradigma de comunicação
social radicalmente diferente do de dez anos atrás.
O QUE VEM DEPOIS?
O TEMPO DE PLANEJAMENTO E ANTICIPAÇÃO
Nas últimas semanas, o sentido de urgência esteve no centro
da resposta digital do mundo ao covid-19. Paralelamente, a sociedade digital
está acelerando em um ritmo difícil para nossos líderes técnicos e políticos
acompanharem. No entanto, se concordarmos que a curva da pandemia foi achatada,
chegou a hora de um melhor planejamento e de uma organização mais
otimizada de novos recursos.
Assim, nesse novo contexto, os governos locais, regionais e
nacionais têm a oportunidade e o dever de reformular sua estratégia para a
implantação da tecnologia na vida da cidade a curto e médio prazo. E isso se
aplica à forma como as cidades funcionam, aos serviços públicos, à interação e
comunicação entre a administração pública e os cidadãos, à nossa rotina diária.
E à transformação interna das empresas e ao repensar de seus planos futuros.
É altamente conveniente que esse processo de repensar vá além
das consequências sociais e econômicas imediatas da crise e coloque as necessidades
humanas e as pessoas no centro da adoção tecnológica. E isso é feito
incentivando a capacidade inovadora da sociedade e atribuindo maior importância
à sinergia entre ciência e tecnologia para uma tomada de decisão melhor e mais
precisa. Por sua vez, isso deve ser realizado sem perder de vista as
implicações éticas desse processo.
Em resumo, estamos à beira de um momento em que governos,
indústrias e empresas têm o desafio de avançar em direção à resiliência
tecnológica. Aproveitar a tecnologia e a inovação não apenas para minimizar
os riscos atuais, mas também para antecipar possíveis adversidades futuras e sair
mais fortalecidos da crise.
Tradução
de paulo celso da silva com autorização expressa de Sergio García i Rodriguez editor do blog CitiesToBe e Manager de
Comunicación de anteverti,
O artigo original pode ser encontrado em:
Artículo escrito por Manu Fernández y Sergio García i
Rodríguez. El artículo original forma parte de la serie 'Covid-19 & The Future of Cities' para el blog citiestobe.com, plataforma para la reflexión en torno a la realidad urbana, impulsada
por anteverti, consultora
experta en Smart Cities e innovación urbana.
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