DA FRANÇA AOS ESTADOS UNIDOS, COMO OS ANTI-MÁSCARAS SE MULTIPLICAM E SE ORGANIZAM
Da Redação/ 11 de agosto 2020
Na Itália, em julho passado, a
conferência dos chamados negadores da pandemia desencadeou o debate sobre
medidas para conter o vírus. Entre os adversários mais ferrenhos sempre esteve
Matteo Salvini, que em junho afirmou ser capaz de abaixar a máscara para tirar
uma foto com uma senhora. Nos últimos dias, porém, ele voltou aos seus
cargos e disse que "deve ser usado quando necessário". Atitude semelhante
foi tomada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que durante meses
se mostrou com o nariz e a boca descobertos, até que o número de infecções no
país atingiu níveis recordes e o chefe de estado definiu o uso de máscara como
um "ato patriótico". Além da política, no entanto, dos Estados Unidos
à Europa, os negadores se opõem às regras anti-contágio em nome da liberdade
pessoal. Nossos colegas franceses entrevistaram alguns deles. Aqui está seu
ponto de vista.
Pensava-se que
fossem marginais, mas desde o seu aparecimento nos Estados Unidos os "anti-máscaras"
ganharam terreno, até à Europa e, em particular, a Berlim, onde milhares se
manifestaram no passado sábado, 1 de Agosto. Na França, eles se limitaram
às redes sociais por enquanto, mas prometem ação. Quem eu sou? E qual é o seu
ponto de vista? Upday conversou com alguns deles.
O número de
pessoas que se opõem à obrigação de usar a máscara aumenta com o aumento da
lista de cidades que a impõem no exterior.
Na França, os detratores
da máscara obrigatória atuam sobretudo nas redes sociais, no Twitter com a
hashtag #antimasque, mas também no Facebook, onde um grupo é dedicado a
eles. Circulam ali teses de conspiração, artigos médicos questionáveis e até
mesmo um certificado de isenção do uso de proteção individual. O grupo conta
com mais de 4.000 membros, vindos de origens muito diferentes e com
ideologias por vezes opostas mas unidos pela mesma causa: a recusa de usar a
máscara, em nome da "liberdade", porque acreditam que a
máscara é "inútil" ou, para o pelo contrário, que é "um
perigo".
É
o caso de Emmanuelle Deloffre, que se apresenta como uma “sofróloga[1]”,
bioquímica por formação. “Sou contra o uso de máscara cirúrgica porque ela só
protege contra a exalação de gotículas de saliva que, de qualquer forma, nunca
são expelidas a vários metros de quem não faz esforços físicos”, explica.
Alguns
vão mais longe para afirmar suas opiniões, mesmo que paguem um alto preço. “Fui
despedida esta mesma manhã porque não tinha máscara”, testemunha Maria
Rosa, funcionária com contrato temporal. “Se acontecer de novo, eu farei outra
vez”, insiste, antes de acrescentar: “Sou uma pessoa convicta e defendo aquilo
em que acredito, na minha alma e na minha consciência”.
“Nenhuma
segurança vale a privação de liberdade”
Também
há professores do grupo, como Diane Baudot, que dá aulas de espanhol na
universidade. “Pessoalmente, não sou contra a máscara no supermercado, por
exemplo. Tem uma lógica. Mas sou contra o uso da máscara obrigatória ao
ar livre. Nenhuma segurança vale a pena se privar a liberdade ”, disse ela.
Um
movimento nascido nos Estados Unidos, que chegou à Europa
Os
primeiros "anti-máscaras" são encontradas nos Estados Unidos. Não é
de surpreender para um país onde o próprio presidente demorou a aparecer
com a máscara em público. A obrigação de usa-las divide a população, a
ponto de se formarem duas facções, entre os pró e os anti-máscara. Na
Califórnia e na Flórida, dois estados particularmente atingidos pela epidemia, estão
a maioria dos 'negadores'.
Em
Orange County, perto de Los Angeles, o uso de máscara é um assunto delicado.
Sob pressão dos moradores, seu uso passou de obrigatório para
“recomendado”. No mês passado, o diretor de saúde pública do condado teve
que renunciar após repetidos ataques e ameaças de morte. A Culpa dele? Haver
tornado obrigatório cobrir o nariz e a boca.
O
advogado de Los Angeles Mike Feuer levantou a possibilidade de organizar
patrulhas pela cidade para lembrar as pessoas de usarem suas máscaras. O
Condado de Los Angeles, por sua vez, está considerando a imposição de multas
por "perigo irresponsável para a vida de outras pessoas" àqueles
que se recusam a cobrir o rosto.
Em Berlim e Londres, o mesmo slogan: "resistência"
Também
no resto da Europa, o movimento também encontrou seus apoiadores. Milhares
de alemães, quase 17 mil segundo a polícia, manifestaram-se em Berlim no
sábado, 1º de agosto, contra as medidas impostas pelo governo de Angela Merkel
para conter a epidemia de coronavírus, em especial o uso de máscaras.
Em
um vídeo, o presidente da República Federal, Frank-Walter Steinmeier,
exortou os alemães a continuarem cumprindo as medidas de proteção contra o
vírus. Ele lembrou que a atitude irresponsável de alguns representa um risco
para todos e põe em risco a recuperação da economia.
Também
na Grã-Bretanha, os anti-máscaras se uniram sob o movimento “Keep Britain
Free” (Vamos manter a Grã-Bretanha livre, ndt). Cerca de cem pessoas
protestaram em Londres em 19 de julho, poucos dias antes de o governo decretar
a obrigação de usar máscara.
traduzido
por paulo celso da silva
com autorização expressa do Diretor do periódico UPDAY , Senhor Giorgio Baglio
versão
italiana
original
francesa
https://www.linkedin.com/in/marine-girard-a1984660/
[1] A
Sofrologia é uma escola científica, que tem como objetivo o estudo da
consciência e a conquista dos valores existenciais do ser.
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