Lucia Santaella ministra Aula Magna no Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da Uniso

em segunda-feira, 26 de agosto de 2019

A aula Magna teve como tema A pesquisa como modo de vida, e contou com a presença do reitor, prof. dr. Rogério Augusto Profeta, e do Pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação, prof. dr. José Martins de Oliveira Jr

“[...] Não perca o sono. O processo de aprendizagem é lento e é preciso paciência. Mas nada pode deter os diagramas mentais que vão se formando em nossas cabeças. O que se deve evitar é a ansiedade. Brinque um pouco com esses diagramas que a gente costuma chamar de ideias.” Assim iniciou a conversa de Maria Lucia Santaella com alunos de graduação, mestrado, doutorado e com professores-pesquisadores na quinta-feira, 22 de agosto, na Universidade de Sorocaba, compartilhando partes de uma mensagem enviada digitalmente. Apesar das aspas remeterem a uma resposta de e-mail de Santaella a um aluno de doutorado, esse é o testemunho de uma situação cotidiana que faz parte da vida de um pesquisador. Uma vida que não é muito formal, mas marcada por dúvidas, buscas e encantamentos.

Santaella foi a convidada do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da Uniso para ministrar a aula Magna, momento que assinala o início das atividades acadêmicas do segundo semestre de 2019 e marca a recente abertura do doutorado no programa. O evento contou com a presença do reitor, professor doutor Rogério Augusto Profeta, e do Pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação, professor doutor José Martins de Oliveira Junior, que reforçaram a importância do investimento nacional em educação e apontaram para a consolidação e crescimento do programa sob a coordenação da professora doutora Maria Ogécia Drigo.

“Costumo dizer que a inteligência e o
conhecimento são como a vida:
não podem parar de crescer”
A escolha de Santaella não foi por acaso. Além de ser referência em estudos comunicacionais, sobretudo na semiótica e filosofia de Peirce (1839-1914), ela acompanhou de perto o percurso do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura:  em 2006, fez a primeira palestra na Uniso no momento em que o mestrado era aprovado pelo MEC; palestrou no primeiro Encontro de Pesquisadores em Comunicação e Cultura (evento promovido anualmente pelo programa) e participou das primeiras bancas de defesa, assim como em 2013 aceitou compor a comissão editorial da recém-inaugurada revista Tríade, publicando, inclusive, na primeira edição do periódico, antes mesmo de ele receber QUALIS Capes. Essa memória foi resgatada nas falas da professora doutora Luciana Coutinho que apresentou a palestrante.

Professora titular no programa de Pós-
Graduação em 
Comunicação  e Semiótica
da PUCSP, 
Santaella é referência
consolidada em estudos comunicacionais
Do extenso currículo lattes, algumas informações da pesquisadora e professora titular no programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUCSP se destacam: já orientou 260 mestres e doutores de 1978 até o momento; supervisionou seis pós-doutorados; recebeu o prêmio Jabuti nos anos de 2002, 2009, 2011 e 2014; o Prêmio Sergio Motta, Liber, em Arte e Tecnologia, em 2005 e o prêmio Luiz Beltrão-maturidade acadêmica, em 2010. Santaella conta também com 50 livros publicados, 20 obras organizadas e mais de 400 artigos científicos divulgados em periódicos no Brasil e no Exterior. Suas áreas de atuação mais recentes envolvem: Comunicação, Semiótica Cognitiva e Computacional, Inteligência Artificial, Estéticas Tecnológicas e Filosofia e Metodologia da Ciência.

A pesquisa como modo de vida

Na aula Magna que teve como tema A pesquisa como modo de vida, Santaella frisou a paixão que move o pesquisador. Para ela, somente esse sentimento pelo conhecimento é capaz de explicar a docilidade do pesquisador aos rigores da ciência, principalmente aos rigores do método.

Concentração, vocação, curiosidade, capacidade reflexiva, isolamento disciplinar e uma auto-cobrança também são características daqueles com perfil de pesquisador, daqueles que, de acordo com Santaella, “são mordidos pela sede de aprender e são tocados pela ética da curiosidade”. Na construção de uma vida dedicada à ciência, a pesquisadora ressaltou a importância do papel assumido pelos professores: de serem fontes de inspiração e com capacidade de guiarem os alunos pelos caminhos desconhecidos.

Segundo Santaella, a ciência é uma área em contínuo desenvolvimento, que não se satisfaz com fórmulas fixas ou crenças limitadas, pelo contrário, pressiona a verdade real da natureza. Para ela, pesquisa é o modo próprio que a ciência tem para gerar consciência do mundo, e o conhecimento só continua crescendo na medida em que as pesquisas são incessantemente realizadas. “Costumo dizer que a inteligência e o conhecimento são como a vida: não podem parar de crescer”.

Pesquisa exige atualização, registros e o direito à liberdade, explica a professora. Atualização porque o mundo vive recorrentes transformações. Registros (publicação de teses, dissertações, livros e artigos) servem como formas de socialização e coletivização do conhecimento gerado pela pesquisa. E a liberdade é no sentido de ser movido pelo desejo de investigar aquilo que instiga, de se libertar do conforto das crenças e de se colocar numa abertura de escuta cuidadosa àquilo que é contraditório. “Há sempre uma espécie de paixão que move a pesquisa [...]. E a pesquisa é uma das maneiras mais relevantes de deixarmos nossas marcas no mundo, porque ela é objetivação da nossa subjetividade. E por ser objetivação, ela é por natureza coletiva. Algo que entregamos ao outro e ao mundo”.

No evento, Santaella falou, ainda, sobre a importância de se cultivar os afetos e, recorrendo a Foucault, de se dedicar ao cuidado do crescimento interior. “A vida passa e o que ficam são os afetos e as gratificações pelas escolhas que fizemos, mantidas graças a persistência do desejo. Esse é um recado que estou dando sobre o modo de vida”.

Entre os pesquisadores renomados que Santaella utilizou como referências durante sua apresentação encontram-se Gilles Deleuze (1925-1995), Charles Sanders Peirce (1839-1914), Antonio Gramsci (1891-1937), Michel Foucault (1926-1984) e Giorgio Agamben (1942 - ).

Da esquerda para a direita: Pesquisador de pós-doutorado em Comunicação e Cultura na Uniso, prof. dr. Julio Cesar Lemes de Castro, e os docentes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura prof. dr. Felipe Tavares Paes Lopes, profa. dra. Tarcyanie Cajueiro Santos, profa. dra. Mara Rovida, profa. dra. Luciana Coutinho P. de Souza, profa. dra. Maria Lucia Santaella Braga (convidada para ministrar a aula Magna), profa. dra. Maria Ogécia Drigo, também coordenadora do curso, profa. dra. Míriam Cristina Carlos Silva, prof. dr. Paulo Celso da Silva, e prof. dr. Wilton Garcia Sobrinho


Confira outras fotos do evento:





Texto de: Jennifer Lucchesi
Revisado por: Mara Rovida
Fotos de: Paulo Marquêz e Jennifer Lucchesi

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